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  • Foto do escritorJulia Melo

É bom estar de volta



Era uma quinta-feira nublada de um outubro que nunca acabava. Estava em ônibus à caminho da faculdade, respirando fundo pois os dias que se seguiriam seriam cheios e apesar de estar empolgada com as tarefas, que eram a única coisa que ainda me mantinham viva, a ansiedade apertava o estômago.


Como de costume, muito bem preparada. Um livro, uns podcast's e episódios de algumas séries. Não lia um romance há meses. Não via um romance há meses. E principalmente, não me permitia escutar sobre há um bom tempo.


Foi quando, despreocupadamente, me peguei derramando lágrimas com uma série nova que havia começado. Era sobre romances, da forma que gosto, comuns, clichês e que me faziam mergulhar em sonhos.


Enquanto algumas gotículas se desprendiam dos meus olhos, me dizia que só estava tendo essa reação, pois andava guardando muita coisa e só estava emocionada.


Você já se emocionou ao ver uma criança sorrir?


E de repente, aconteceu. Aquela faísca que nos consome por dentro. Vem subindo todo o corpo, arrebata seu estômago, causa um nó na garganta e te faz querer vomitar.


A ânsia me fez vomitar. Vomitar palavras. E finalmente, depois de tanto tempo sem sentir, sem se permitir, sem escrever, lá estava. Algo clichê. E romântico. E comum. E tão eu.


Escrever sempre foi mais sobre mim do que sobre outros. Contar histórias, guardar momentos e transbordar. Eu andava tão cansada, tão pesada e sabia, que precisava vomitar aquelas coisas. E enquanto escrevia, mais lágrimas saíam, porque era como finalmente encontrar o que havia se perdido, me reencontrar.


A história escrita não importa. O que importa é que ainda amo, sinto e escrevo. Clichê. Comum. Romântico. Mas escrevo.

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