Leia ao som de Preciso Me Encontrar
Eu não me reconheço mais.
Não de jeito ruim, ou de um jeito bom. Eu só não me reconheço mais. estou estacionada naquele momento em que o seu eu do passado se encontra com o do presente e com o de um possível futuro, e a única coisa que os três conseguem pensar é ''quem eu sou?''.
E com isso, todos os dias, a cada segundo, me pergunto ''quem eu sou?''. E em seguida, não me reconheço. Mas mais uma vez digo, não de um jeito ruim, muito menos de um jeito bom, eu só não me reconheço, entende?
Quero ser a pessoa que escreve, sente, fala tudo na mesma intensidade, só que sentir tem me doído tanto que tenho evitado chegado ao orgasmo sentimental que é se transbordar e acabar em palavras. Quero ser a militante, só que quando tombo demais para esse lado tanta coisa me machuca, me dói, seja o que leio ou a sensação de insuficiência por não conseguir transformar as coisas, que minha mente e corpo pesam e termino o dia apenas existindo. Quero ser alguém que vê graça na vida e alegria nos dias, mas no final das vinte e quatro horas, choro sozinha no quarto ao som de lágrimas e chuva do Kid Abelha e assim como na música, não sei por quê.
Quero ser tantas pessoas ao mesmo tempo em que quero ser nada. Sei que dentro de mim existem diversos eu e que de alguma forma eles se encaixam e formam quem sou, mas será se sou eu mesmo ou só uma construção do que vejo ao redor?
Já nem sei mais o que estou falando e estar perdida em todas essas palavras confusas é desesperador, porque parece que perdi o jeito com a escrita. E isso me dói ao ponto de parecer dia de tirar sangue. Mas o que mais me dói é não saber o que fazer comigo e com quem sou, ou quem era, ou quem serei.
Desculpa, eu só preciso desabafar. mas não se preocupe, tá tudo bem. Eu não me conheço, mas isso é bom. E ruim. E tá tudo bem. Aqui na minha cama, tá tudo bem.