top of page
  • Foto do escritorJulia Melo

Lista de Leituras para 2020

Dezembro é o mês das listas! Mês dos checks nas metas pessoais traçadas para o ano e da criação de uma nova lista, de anotar projetos, de organizar a vida e principalmente, da famosa lista de leitura para o próximo ano! A minha está pronta desde a primeira semana e dessa vez me fiz jurar que vou segui-lá e não vou enfiar vários outros livros novos na frente - talvez, alguns.


Pensei em compartilhar com vocês para trocarmos figurinhas sobre as nossas escolhas, quem sabe, receber indicações e adicionar mais alguns livrinhos. Ou até mesmo tirar alguns que a nota não seja tão boa assim. Espero que gostem e que acompanhem a parte literária do blog nesse novo ano que está para chegar.

 

O Corpo Encantado das Ruas, Luiz Antônio Simas

As ruas, como vistas por Luiz Antonio Simas, incorporam o movimento. São terreiro de encontros improváveis, território de Exu, que se manifesta na alteridade da fala e na afluência das encruzilhadas. Do Centro ao subúrbio, as tramas das ruas cariocas confundem-se com sua escrita. Se João do Rio foi o cronista da alma encantada carioca do início do século XX, Luiz Antonio Simas aparece, cem anos depois, como o historiador do corpo do Rio de Janeiro atravessado pelas flechas do capital cultural e financeiro global. Por isso, contra a barbárie civilizatória, surgem suspiros e mariolas nas sacolinhas de São Cosme e Damião, a simpatia de São Brás para não engasgar, as conversas na feira, o cotidiano da quitanda e o boteco da esquina. O corpo encantado das ruas reivindica a riqueza dos saberes, práticas, modos de vida, visões de mundo das culturas que não podem ser domados pelo padrão canônico. Dá um olê na historiografia oficial. Aqui, tambor e livro são tecnologias contíguas. O Parque Shanghai é tão importante quanto o Cristo Redentor. Bach é um gênio como Pixinguinha. O Museu Nacional, um território sagrado, que acumulava o axé proporcionado pelos ancestrais à comunidade. Não é um livro sobre resistir. É sobre reexistir. Reinventar afetos, aprender a gramática dos tambores, sacudir a vida para que surjam frestas. Para que corpos amorosos, corpos de festa e de luta se lancem ao movimento e jamais deixem de ocupar a rua. | Amazon


Lueji - O Nascimento de um Império, Pepetela

Em Lueji, o nascimento de um império, Pepetela constrói uma narrativa original, revelando a história de duas mulheres, Lu e Lueji, personagens separadas uma da outra por 400 anos, mas unidas numa mesma trajetória: o confronto com o mundo e a busca por identidade. É por meio dessa interesecção, que extrapola os próprios limites do tempo na prosa, que o autor tece a História de Angola. E as lacunas deixadas pelo mito, pelo saber colonial e pela tradição oral são preenchidas pela fascinante ficção de Pepetela. Pepetela nasceu em Benguela, Angola, em 1941. Licenciou-se em Sociologia, em Argel, durante o exílio. Foi guerrilheiro pelo MPLA, político e governante. Desde 1984 que é professor na Universidade Agostinho Neto, em Luanda, e tem sido dirigente de associações culturais, com destaque para a União dos Escritores Angolanos e a Associação Cultural e Recreativa Chá de Caxinde. A atribuição do Prêmio Camões (1997) confirmou o seu lugar de destaque na literatura lusófona. | Amazon


O Amor dos Homens Avulsos, Victor Heringer

No calor de um subúrbio carioca, um garoto cresce em meio a partidas de futebol, conversas sobre terreiros e o passado de seu pai, um médico na década de 1970. Na adolescência, ele recebe em casa um menino apadrinhado de seu pai, que morre tempos depois num episódio de agressão. O garoto cresce e esse passado o assombra diariamente, ditando os rumos de sua vida. Essa história, aparentemente banal, e desenvolvida com maestria ficcional e grandeza quase machadiana por Victor Heringer. Dono de uma prosa fluente e maleável, além de uma visão derrisória da vida, o autor demonstra pleno domínio na construção de cenas e personagens. E emociona o leitor com sua delicada percepção da realidade. | Amazon


Todo Mundo Tem Uma Primeira Vez, Ale Santos, Bárbara Morais, Fernanda Nia, Jum Anotsu, Olívia Pilar & Vitor Martins

A juventude traz inúmeras novas experiências. Pensando nelas, cada autor desta coletânea – em seu próprio estilo –, nos presenteia com uma narrativa diferente. São seis contos passando pelos gêneros ficção realista, fantasia urbana e distopia, em que o leitor é convidado a conhecer as primeiras vezes de diferentes personagens. O primeiro término, o primeiro ato de rebeldia, a primeira vez que se confia em alguém, a primeira vitória... Temas como sexualidade, família, engajamento, preconceito e inclusão social surgem de maneira sensível e instigante a cada história. Um exercício de reflexão e alteridade para com realidades diversas, além de um potente (re)encontro com descobertas que atravessam juventudes de todas as gerações. Todo mundo tem uma primeira vez, e ela sempre é transformadora. | Amazon


Querem Nos Cala: Poemas Para Serem Lidos Em Voz Alta, Org. Mel Duarte

A antologia Querem nos calar: poemas para serem lidos em voz alta reúne poesias de 15 mulheres slammers de todas as regiões do Brasil. Os chamados poetry slams chegaram ao Brasil pelas mãos de Roberta Estrela D’Alva, em 2008, e são batalhas de poesia falada com temática livre que tem como destaque temas como racismo, machismo e desigualdade social.

Com prefácio de Conceição Evaristo, o livro conta também com ilustrações de Lela Brandão e é organizado pela escritora Mel Duarte, autora de uma das performances de maior destaque da FLIP 2016 e integrante do Slam das Minas - SP. | Amazon






O Inventário das Coisas Ausentes, Carola Saavedra

Como começa o amor? À primeira vista, num encontro casual, depois de anos de convivência? Qual é a distância entre dizer “eu te amo” e amar alguém? O que resta quando o tempo passa, as pessoas mudam e o amor acaba? Nina tem vinte e três anos quando ela e o narrador se conhecem na faculdade. Os dois têm um envolvimento amoroso, mas certo dia ela desaparece sem deixar notícias. A partir da reconstrução ficcional dos diários deixados por Nina, o narrador conta a história de seus antepassados e assim vai delineando seus contornos, numa tentativa de recriar a mulher amada. Mas como falar do outro sem falar de si? E como falar de si quando a sua própria vida é marcada pelo abandono, pelo impalpável? Essas são algumas das questões que O inventário das coisas ausentes lança ao leitor e à sua própria estrutura narrativa. Com uma abundância de tramas paralelas que por vezes se entrelaçam e por vezes seguem independentes, o romance de Carola Saavedra investiga o fazer literário, a memória, o amor e as marcas deixadas pela ausência do outro. | Amazon


Eu, Tituba: Bruxa Negra de Salem, Maryse Condé

Tituba, mulher negra, nascida em Barbados, no século XVII, renasce, três séculos depois. Torna-se outra vez real, pelas mãos da premiada escritora Maryse Condé, vencedora do New Academy Prize 2018 (Prêmio Nobel Alternativo). No início do livro, Maryse Condé anota: “Tituba e eu vivemos uma estreita intimidade durante um ano. Foi no correr de nossas intermináveis conversas que ela me disse essas coisas que ainda não havia confiado a ninguém.” Da mesma forma, quem lê Tituba poderá ouvi-la falar, do invisível, desestabilizando estruturas cristalizadas, mediando novas concepções de identidades e culturas e protegendo as pessoas insurgentes. Aqui, essa personagem fascinante, é retirada do silêncio a que a historiografia lhe destinou. Filha de uma mulher negra escravizada, viveu cedo o terror de ver a mãe assassinada por se defender do estupro de um homem branco e de saber que o pai se matou por causa do mesmo homem branco. Cresceu sob os cuidados de uma mulher que tinha o poder da cura e que a iniciou nos mistérios. Adulta, apaixonou-se por John Indien e abdicou, por ele, da própria liberdade. Uma das primeiras mulheres julgadas por praticar bruxaria nos tribunais de Salem, em 1692, Tituba fora escravizada e levada para a Nova Inglaterra pelo pastor Samuel Parris, que a denunciou. Mesmo protegida pelos espíritos, não pôde escapar das mentiras e acusações da histeria puritana daquela época. | Amazon


Como Ter Uma Vida Normal Sendo Louca, Camila Fremder e Jana Rosa

Você se considera louca ou normal? Seu jeito de ser é respeitado pela sociedade? Você já rompeu com sua melhor amiga? Já stalkeou alguém no Instagram? Já foi stalkeada? Já fez uma tatuagem errada? Já quis parecer mais inteligente do que realmente é? Se você se reconheceu em qualquer uma dessas perguntas, então está na hora de ler este livro. Engraçado do começo ao fim, ele se organiza (sim, é tudo muito sério e organizado) em dicas de como agir nos momentos da vida que pedem muita criatividade, tato, jogo de cintura e muita, mas muita cara de pau. Como ter uma vida normal sendo louca, além de revelar coisas que você nunca imaginou sobre o comportamento das pessoas, ainda diverte e oferece razões para boas risadas. Aproveite! | Amazon



Linha M, Patti Smith

Depois do cultuado Só garotos, a lendária cantora e escritora Patti Smith volta à sua odisseia pessoal neste Linha M, que ela chama de “um mapa para minha vida”. O livro começa no Greenwich Village, o bairro que tanto marcou sua história. Todos os dias a artista vai ao mesmo café e, munida de seu caderno de anotações, registra suas impressões sobre o passado e o presente, a arte e a vida, o amor e a perda. É desse café que ela nos conduz ao México, onde visita a Casa Azul de Frida Kahlo em Coyoacán; a uma conferência dos membros do Instituto Alfred Wegener em Bremen, na Alemanha; e ao bangalô em Rockaway Beach que ela compra pouco tempo antes de o furacão Sandy atingir o país. | Amazon


Todos Os Homens São Mortais, Simone de Beauvouir

Questionando o poder, a cobiça, a morte, o prazer, o destino e a transcendência, Todos os homens são mortais, um ensaio em forma de ficção, é visto como uma porta de entrada para a filosofia existencialista de Simone de Beauvoir, além de ser considerado um de seus romances mais fascinantes. | Amazon













A Flecha de Deus, Chinua Achebe

A aldeia de Umuaro, no interior da Nigéria, é regida pelo sumo sacerdote Ezeulu. Mas nem todos os habitantes da aldeia o apoiam, o que resulta em brigas internas, além dos conflitos com aldeias vizinhas. Um dos filhos de Ezeulu, Oduche, é enviado pelo pai para a igreja do homem branco, a fim de conhecer sua religião e proteger a aldeia dos perigos que ela pode trazer. Mas há controvérsias quanto ao envio de um filho ao inimigo. Ezeulu se vê numa espécie de beco sem saída, tendo de tomar decisões que, por mais bem intencionadas, podem resultar em desastre para o seu povo. Enquanto isso, na cidade de Okperi, os colonizadores ingleses preocupam-se em construir estradas e entender como lidar com os colonos da aldeia. É preciso compreender sua língua, adaptar-se ao terrível calor e enfrentar as doenças da região. O capitão Winterbottom e alguns outros poucos colegas ocidentais são responsáveis por essa missão, e sabem que podem cair em feitiços dos sacerdotes e curandeiros da aldeia. É nessa alternância entre a visão inglesa dos colonizadores e a visão interna da aldeia que se constrói o drama de A flecha de Deus. Conhecendo o lugar dos ingleses e também o dos nativos, passamos a ter uma visão muito mais rica e nada maniqueísta do cenário, feito de enormes conflitos e dilemas morais entre o homem branco e o africano. | Amazon


O Ódio que Você Semeia, Angie Thomas

Uma história juvenil repleta de choques de realidade. Um livro contra o racismo em tempos tão cruéis e extremos Starr aprendeu com os pais, ainda muito nova, como uma pessoa negra deve se comportar na frente de um policial.Não faça movimentos bruscos.Deixe sempre as mãos à mostra.Só fale quando te perguntarem algo. Seja obediente.Quando ela e seu amigo, Khalil, são parados por uma viatura, tudo o que Starr espera é que Khalil também conheça essas regras. Um movimento errado, uma suposição e os tiros disparam. De repente o amigo de infância da garota está no chão, coberto de sangue. Morto.Em luto, indignada com a injustiça tão explícita que presenciou e vivendo em duas realidades tão distintas (durante o dia, estuda numa escola cara, com colegas brancos e muito ricos - no fim da aula, volta para seu bairro, periférico e negro, um gueto dominado pelas gangues e oprimido pela polícia), Starr precisa descobrir a sua voz. Precisa decidir o que fazer com o triste poder que recebeu ao ser a única testemunha de um crime que pode ter um desfecho tão injusto como seu início.Acima de tudo Starr precisa fazer a coisa certa.Angie Thomas, numa narrativa muito dinâmica, divertida, mas ainda assim, direta e firme, fala de racismo de uma forma nova para jovens leitores. Este é um livro que não se pode ignorar. | Amazon


Insubmissas Lágrimas de Mulheres, Conceição Evaristo

O elo fundido com técnica literária irrepreensível e grande força de sentimentos apresentado em “insubmissas lágrimas de mulheres”, se revela um retrato de solidariedade e afeição feminina, por tocar no que é essencial, no que move, no que aproxima e une mulheres e, em espacial, mulheres negras. Os afetos, reflexões e deslocamentos que os contos de insubmissas lágrimas de mulheres nos causam, são frutos que só a boa literatura, a que salva, pode nos trazer, reafirmando o lugar de destaque ocupado por Conceição Evaristo na literatura brasileira. | Amazon






Poemas de Recordação e Outros Movimentos, Conceição Evaristo

Poemas da recordação e outros movimentos. Fazendo uso de variados recursos: uma rica visão poética emotiva e a tematização sentimental, social, familiar e religiosa; com coragem, experiência, estilo bem definido e uso de intertextualidades, são enunciadas pela autora a pobreza, a fome, a dor e “a enganosa-esperança de laçar o tempo”; assim como há espaço para a paixão, o amor e o desejo. Nada, porém, é superficial, gratuito ou excessivo em poemas da recordação e outros movimentos, que se sustenta em crítica social e no profundo de cada experiência, a partir da produção de um conjunto de poesias fortes e criativas, de belo senso rítmico, cuja leitura desperta emoções, graças à empatia que se estabelece entre os que leem os poemas e a expressividade emotiva e literária de Conceição Evaristo, quando faz despontar os “mundos submersos, que só o silêncio da poesia penetra”. | Amazon


Feliz Ano Velho, Marcelo Rubens Paiva

Feliz ano velho é o primeiro livro de Marcelo Rubens Paiva. Aos vinte anos, ele sobe em uma pedra e mergulha numa lagoa imitando o Tio Patinhas. A lagoa é rasa, ele esmigalha uma vértebra e perde os movimentos do corpo. Escrito com sentido de urgência, o livro relata as mudanças irreversíveis na vida do garoto a partir do acidente. Ele é transferido de um hospital a outro, enfrenta médicos reticentes, luta para conquistar pequenas reações do corpo. Aos poucos, se dá conta de sua nova realidade, irreversível. E entende que é preciso lutar. O texto expressa a irreverência e a determinação da juventude, mesmo na adversidade, e a compreensão precoce "de que o futuro é uma quantidade infinita de incertezas". | Amazon



Bom Dia Camaradas, Ondjaki

Uma Luanda dos anos 1980 com professores cubanos, escolas entoando hinos matinais e jovens de classe média é o cenário de Bom dia, camaradas. Do universo do romance também fazem parte as lembranças dos cartões de abastecimento, as desigualdades sociais e os conflitos entre modernidade e tradição. Através do olhar lírico de um garoto, o leitor é levado a uma Angola que acabou de se tornar independente e é obrigada a repensar as regras sociais e a questionar as causas da desigualdade. Ondjaki nos conduz aos pequenos acontecimentos do cotidiano que mostram como é preciso mais que um decreto para que as mudanças de fato aconteçam. Assim como em outros livros de Ondjaki, o mundo dos jovens e a descoberta da vida adulta e seus conflitos são retratados sem o tom irritadiço das militâncias nem a condescendência do lirismo excessivo. E Bom dia, camaradas é daqueles romances que atravessa as idades e pode ser lido tanto pelo jovem quanto pelo leitor maduro. | Amazon


Quarto de Despejo, Carolina Maria de Jesus

O diário da catadora de papel Carolina Maria de Jesus deu origem à este livro, que relata o cotidiano triste e cruel da vida na favela. A linguagem simples, mas contundente, comove o leitor pelo realismo e pelo olhar sensível na hora de contar o que viu, viveu e sentiu nos anos em que morou na comunidade do Canindé, em São Paulo, com três filhos. | Amazon












 

E as listas de vocês, já estão prontas? Quais são as metas de leitura para 2020? Já leram algum livro da minha lista? Tem algum que indicaria? Digam aí nos comentários e bôra trocar uma ideia!

15 visualizações0 comentário

Posts recentes

Ver tudo
bottom of page